quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Medo










Na escuridão prometida, terei de resistir a um pensamento imortalizado
Vou com indecisões da veracidade, pois serás quem eu quero certamente
Na noite, com ou sem prometimento, pensar no futuro perpetuado
Não condiz com a felicidade, que diminui com a chegada do medo à mente

Vou partir para a viagem nocturna, sem consciência dos meus sentimentos
Contemplando os fadários, saindo dos robustos coetâneos
Não aparecerá nem virá, a emancipada lua dos momentos?
Vacilará o amor do mundo, nos sentimentos espontâneos?

Na noite desejada e prometida, vou sem jeito
Sei que serei, meu amor, a alma vazia do teu leito
Acredita que o amor está presente no jardim da rosa apaixonada
Mas ainda não sei viver sem ti nesta vida inacabada

Não será por mim construído o muro das lamúrias
Derrubado pelo tempo foi, o ser mais sapiente que qualquer sensato
Serei teu nesta noite prometida, pelo voo do céu das Canturias
Perdido ficarei contemplando, a queda deste receio pacato

Logo que o teu canto me embalou para longe dos malfeitores
Percorro contigo a interrogação da noite:"Sou de ti, inseparável?"
Ápices espalhados do receio do mundo dos amores
Sendo o nosso sentimento o mais profundo, torna-o mais cobiçável

Não quero ser o momento imortalizado no imprevisto
Quero na noite misteriosa ser permanentemente teu
Mas a ti me entrego mesmo com o receio do não visto
Não te afastes, meu amor, apenas daquilo que o medo prometeu.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Quem?









Quem pode dizer que tudo não possa ser como é?

Quem pode dizer que tudo não acontece?

Quem pode limitar a visão do olhar?

Quem é quem?


O Quem…podemos ser tu e eu…

Quem somos nós é a pergunta que se coloca

Mas quem pode alguma vez dizer quem somos nós?

Esse quem existe sem nunca perguntar a nós?


Se eu posso ser quem pode…

Quem és tu, quem?

Certo é que quem pode manda em quem deve…

Ou quem pode não pode sempre?


Quem sou eu para poder ser quem pode?

Quem pode ser o quem pode?

Quando nunca pode ser quem nunca foi!

Quando alguém pode…é porque é aquele que pode!


Quem é o que nunca foi o que quer ser?

Todos somos aquilo que queremos ou tentamos ser!

Quem tenta, deve conseguir ser o quer ser…

Mas quem é, não pode nunca ser o que quer ser


Se não é o que nunca foi, é falso dizer que pode ser

Para tudo quem é, o que nunca foi, falso homem é

O quem pode ser falso homem?

Ou o quem é aquele que pode, nunca não é aquele que pode ser?


Quem pode, pode…sem nunca não poder ser

Ora se não pode, nunca será o quem pode

Mas quem pode nunca nos pergunta que pode…

Pois quem pode não pergunta, mas pode perguntar…


Mas se pergunta se pode…

Logo não pode porque pergunta

O que pode, pode sempre sem perguntar

Esse, é que pode sempre ser o quem pode…


Perguntar a ti se posso ser…quem desejo ser…

É porque quero ser…

Quem pode dizer que não, és tu

Mas quem pode ser, sou eu!

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

momento









Se edificamos um momento sublime, é porque acreditamos que este poder-se-á repetir mais que uma vez?

Ou simplesmente vivemos o que aquele momento nos abonou?

Se for harmónico o momento vivido, porque não repeti-lo?

Mas por ser um ensejo, este já não pode ser revivido?


Se o amor é um instante onde tudo brota de novo, onde finda o que começou?

Se o amor é um sinal de ida, haverá sempre um ponto de vinda?

Haverá um momento onde o amor partirá para o longínquo do olhar apaixonado, que subsistia no momento de ida?

Ou ausentamo-nos com ele, para onde ele for, na ânsia de vive-lo incessantemente?

Não sendo imortal, o amor, porque é vivido como tal?


O amor do momento belo jamais existe, a não ser na ilusão de um sonho profundo.

Onde construímos o nosso momento, exemplar para uns, inacabado para outros…

Mas que vivemos momentos felizes, vivemos! Nem que seja num sonho que não passa de um momento…

Acreditar no amor, é viver momentos, que não duram mais que um momento!


Se em ti vejo o amor…porque não sou eu feliz?

Qual é o momento que nos falta?

Qual é a resposta do amor?

A felicidade que não nos marcou? Ou aquela que teima em não cessar?


O momento que nos marcou…nos momenta eternamente

A felicidade de que findou? Será certo que outrora fomos auspiciosos?

Ou sonhamos voos que da realidade desligou?

Sem nunca ter saído do momento de ida…


Que amor é este, que não tem resposta…mesmo quando a pergunta nos deixa a pensar?

Qual é o amor que persiste ao tempo, ao momento, à idade?

Aquele que repete momentos de felicidade?

Ou aquele que pela porta sai, surdo como infinito, que nos teimamos em rememorar?


Cabe a cada momento escolher o seu momento!

Só ele sabe quando é digno de ser um instante.

Esperemos sempre que seja harmonioso

Para que na sua vivência, este o seja sempre luminoso

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A beleza do teu olhar…













Vi-te a passar no outro dia, sem nenhum reparo teu no meu andar
A sensatez terminou e eu afoguei-me no teu passeio, onde fluía um encalço eloquente
Embati na tua sombra no desejo de que a tua beleza me observasse por um instante
Não era o meu dia da fortuna, pois com outra memória ecoavas a cuidar

Fiquei laçado à tua semblante beleza por onde percorria o perfume da essência
Que beleza a tua, onde a brancura vastíssima elevou a poesia o teu caminhar
Era a excelência que avassalava aquele alto ensejo de imortalidade
A minha solidão desaparecia, da tempestade eu sai, sem empecilho deixei me enfeitiçar

Ó sol fulgente que resplandeceste o desalmado que vivia
O tempo descansou, debruçou e exalou fundo pela tua passagem
Numa palhoça de sorrisos, comentários perdidos perduraram
Debaixo de um tecto, a Cidade dos Amores recrudesceu, pois houve tempos em que andou perdida

Que beleza a tua, que se eterniza com o teu sorridente olhar,
Graciosa é ela por nunca ser demais
Eras tu que abalavas e por instantes ousei inquirir pelo teu mirar,
Loucos são os pensamentos que só artifícios amamentam

Sonhamos em algo que à realidade não chegou,
A tua beleza triunfante, que da realidade nunca largou
Por caminhos que poderei percorrer na escuridão,
Pensamento iluminador é tua beleza, que deixei de me sentir um pagão

Num canto de um ponto onde labutas, o meu olhar demorou-se numa balbúrdia
Chego sem bravura ao teu lado, onde questiono pela designação da tua beleza
Nos teus lábios sublimes, meritórios das musas intemporais,
Atenção do teu olhar cuidadoso depositado em mim, jamais pode ser revivido
Com o teu olhar, a minha vivência termina, resta me viver de novo mais um dia

Qual canto IX dos Lusíadas ter de explicar…
Que à imortalidade cheguei perante tal divina presença,
A minha triunfal divindade está a minha frente…
Sou de novo dissemelhante pois estou enfeitiçado pela beleza do teu olhar

partes para longe do meu eu....










Dia após dia vejo te distante

Nem sei o que concluis nem o que imaginas

Serás faustosa ou magoada.

Como és, sem a minha presença?


Como será o teu diário?

Encantas-te com os pássaros da oportunidade?

Ou lacrimejas quando o mar cessa à beira-mar?

Como és, afastada da minha pessoa?


No oceano que flutua o imensidão do mar da vida

Algures te encontras, sem insígnia alçada

O temporal que dissipou sinais desta existência que se vive

Recuso que no teu contentamento, cresça a minha nostalgia.


Desta ampliada distância que a saudade enche

Eras ou serás um tacto constante do meu dia-a-dia?

Leste pensamentos mais profundos que iam para além da tua raia?

Ficaste perdida ou bem acarinhada?

Distante, vejo-te aquém daquilo que atingirias ser


E os trilhos que pisas neste retiro faustoso?

Longínquo vai o pensamento que por onde percorres deixas a tua marca

Saudade do tempo que eras uma evidente desconhecida

Noticias que me invadem são memórias perdidas

Como és, tu sem mim?


Saudade de nada, tenho eu

Feliz era sem ti

Sei que estas “longe”

Amiga que agora descobri


Na noitada que os outros vivem na mágoa que camufla a saudade

Perdidos em incertezas sufocantes de afecto

Eu aclamo heroicamente o teu nome,

Pois sei que te vejo a escutá-lo, longe da discórdia do vento


Na felicidade que todos queremos, em ti vejo o amor

Das conversas nunca tidas, e da rapidez dos cruzamentos tidos

Será nesses instantes que sou feliz por pensar em ti

Ou me engano no teu conto lustroso que me apazigua o clamor?


Único sou e sem amedronto nenhum

Repartir contigo me complementa

Na raridade do tempo que nos cruzamos pergunto eu

Vais no refúgio da mensagem dizer aquilo que eu não entendo?


Apenas sei que me fascinas nessa misteriosa maneira de ser

Vamo-nos encontrando então…

Para que nos encontros diremos prosas simples

Pois é na tua naturalidade que vejo o amor…